Arquivo | setembro, 2010

Vinicius não é o principal.

22 set

– Se vc vier aqui, vai saber no que estou pensando.

Soneto de quarta-feira de cinzas (Vinicius de Moraes)

Por seres quem me foste, grave e pura
Em tão doce surpresa conquistada
Por seres uma branca criatura
De uma brancura de manhã raiada

Por seres de uma rara formosura
Malgrado a vida dura e atormentada
Por seres mais que a simples aventura
E menos que a constante namorada

Porque te vi nascer de mim sozinha
Como a noturna flor desabrochada
A uma fala de amor, talvez perjura

Por não te possuir, tendo-te minha
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada
Hei de lembrar-te sempre com ternura.


O principal é: Cada linha tem sua dose de verdade.

Apenas Pablo Neruda

16 set

“Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: “La noche está estrellada, y tiritan, azules, los astros, a lo lejos”.

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oir la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa, que mi amor no pudiera guadarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.”

Pablo Neruda

Pensamentos com hora marcada

13 set

Eu não escrevi isto agora. Na verdade, se o agendamento do wordpress funcionar de forma impecável, neste momento devo estar na faculdade, fazendo uma prova muito importante, da qual falarei em breve. Esta é uma das maravilhas da tecnologia, divulgação dos meus pensamentos sem corpo presente, sem nem mesmo eu estar pensando nisso no grande momento da postagem, mas com hora marcada.

Hj eu vou publicar alguns parágrafos do Zygmund Bauman, extraídos do livro “Vida para consumo: A transformação das pessoas em mercadoria”. É um livro bem pequeno e interessante, mesmo se vc for dos adeptos a Harry Potter e saga Crepusculo (será que meu blog atrairá mais pessoas nas buscas com posts contendo esses nomes?). Bom, vamos lá :

“Sim, é verdade que na vida ‘agorista’  dos cidadãos da era consumista o motivo da pressa é, em parte, o impulso de adquirir e juntar. Mas o motivo mais premente que torna a pressa de fato imperativa é a necessidade de descartar e substituir. Estar sobrecarregado com uma bagagem pesada, em particular o tipo de bagagem pesada que se hesita em abandonar por apego sentimental ou um imprudente juramento de lealdade, reduziria a zero as chances de sucesso. ‘Não se deve chorar sobre o leite derramado’, é a mensagem latente por trás de cada comercial que promete uma nova e inexplorada oportunidade de felicidade. Ou um big-bang acontece agora, neste exato momento da primeira tentativa, ou se deter nesse ponto particular não faz mais sentido e é uma boa hora para deixá-lo para trás e ir até um outro. Como local para um big-bang, cada ponto-tempo se esvai assim que aparece.

Na sociedade de produtores, a advertência que provavelmente mais se ouvia depois de um falso começo ou uma tentativa fracassada era ‘tente outra vez, mas agora de modo mais árduo, com mais destreza e dedicação’ — mas não na sociedade de consumidores. Aqui, as ferramentas que falharam devem ser abandonadas, e não afiadas para serem utilizadas de novo, agora com mais habilidade, dedicação e, por tanto, com melhor efeito. Assim, quando os objetos dos desejos de ontem e os antigos investimentos da esperança quebram a promessa e deixam de proporcionar a esperada satisfação instantânea e completa, eles devem ser abandonados — junto com os relacionamentos que proporcionaram um ‘bang’ não tão ‘big’ quanto se esperava. A pressa deve ser mais intensa quando se está correndo de um momento (fracassado, por fracassar ou suspeito de fracasso) para outro (ainda não testado). Deve-se ter em mente a amarga lição de Fausto, condenado à eternidade no inferno no exato momento que ele queria que durasse para sempre, por ser tão agradável. Na cultura ‘agorista’, querer que o tempo pare é sintoma de estupidez, preguiça ou inépcia. Também é crime passível de punição”.

Mais um texto selecionado com carinho para os leitores deste blog, para nossa reflexão.