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Prendendo pensamentos para soltar a mão

4 out

Trechos do texto: “Janela da Alma: Por uma poética do desfocamento”, de Denize Correa Araujo. Revista Tecnologia e Sociedade, Curitiba, n. 1, Outubro de 2005.

“Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo… A árvore impõe o verbo ‘ser’, mas o rizoma tem como tecido a conjunção ‘e… e… e….’. Há nesta conjunção força suficiente para sacudir e desenraizar o verbo ser” (Deleuze-Guattari, p. 37)

“Lucia Santaella e Winfried Nöth, em ‘Imagem: cognição, semiótica, midia’, propõem a pergunta de Barthes: ‘será que a imagem é simplesmente uma duplicata de certas informações que um texto contém e, portanto, um fenômeno de redundância, ou será que o texto acrescenta novas informações à imagem? E citam Kalverkämper, que diferencia três casos na relação texto-imagem. O primeiro, quando a imagem só ilustra o texto, sendo redundante; o segundo, quando a imagem é mais importante que o texto e o domina. A terceira, quando a relação é de complementaridade” (p. 54).

“Barthes fala do sentido obtuso da imagem, aquele que é velado, e que, ao contrário do óbvio, nos impõe uma leitura para além do referencial, caracterizando seu processo de construção do significado (“A câmara Clara”). Para ele, há uma diferença entre o ‘studium‘, o óbvio, e o ‘punctum‘, como texto afetivo, que seduz e fascina. Enquanto o ‘studium‘ remete ao intelecto, o ‘punctum‘ remete as emoções.”

“A ‘poética do desfocamente’ privilegia as imagens difusas, sem detalhes marcados, sem definições claras, em alusão à própria poesia, onde a subjetividade fornece subsídios para uma maior criatividade, e onde os atalhos levam a lugares inusitados”

“As vezes é preciso restaurar as partes perdidas, encontrar tudo o que não se vê na imagem, tudo o que foi subtraído dela para torná-la ‘interessante’. Mas as vezes, ao contrário, é preciso fazer buracos, introduzir vazios e espaços em branco, rarefazer a imagem, suprimir dela muitas coisas que foram acrescentadas para nos fazer crer que víamos tudo. É preciso dividir ou esvaziar para encontrar o inteiro” (Deleuze, p. 32)

“Todo rizoma compreende linhas de segmentaridade [platôs] segundo as quais ele é estratificado, territorializado, organizado, significado atribuído, etc.; mas compreende também linhas de desterritorialização pelas quais ele foge sem parar. Há ruptura no rizoma cada vez que linhas segmentares explodem numa linha de fuga, mas a linha de fuga faz parte do rizoma” (Deleuze-Guattari, p. 18).

Trechos para reflexão pra os textos que ando escrevendo.

Pensamentos com hora marcada

13 set

Eu não escrevi isto agora. Na verdade, se o agendamento do wordpress funcionar de forma impecável, neste momento devo estar na faculdade, fazendo uma prova muito importante, da qual falarei em breve. Esta é uma das maravilhas da tecnologia, divulgação dos meus pensamentos sem corpo presente, sem nem mesmo eu estar pensando nisso no grande momento da postagem, mas com hora marcada.

Hj eu vou publicar alguns parágrafos do Zygmund Bauman, extraídos do livro “Vida para consumo: A transformação das pessoas em mercadoria”. É um livro bem pequeno e interessante, mesmo se vc for dos adeptos a Harry Potter e saga Crepusculo (será que meu blog atrairá mais pessoas nas buscas com posts contendo esses nomes?). Bom, vamos lá :

“Sim, é verdade que na vida ‘agorista’  dos cidadãos da era consumista o motivo da pressa é, em parte, o impulso de adquirir e juntar. Mas o motivo mais premente que torna a pressa de fato imperativa é a necessidade de descartar e substituir. Estar sobrecarregado com uma bagagem pesada, em particular o tipo de bagagem pesada que se hesita em abandonar por apego sentimental ou um imprudente juramento de lealdade, reduziria a zero as chances de sucesso. ‘Não se deve chorar sobre o leite derramado’, é a mensagem latente por trás de cada comercial que promete uma nova e inexplorada oportunidade de felicidade. Ou um big-bang acontece agora, neste exato momento da primeira tentativa, ou se deter nesse ponto particular não faz mais sentido e é uma boa hora para deixá-lo para trás e ir até um outro. Como local para um big-bang, cada ponto-tempo se esvai assim que aparece.

Na sociedade de produtores, a advertência que provavelmente mais se ouvia depois de um falso começo ou uma tentativa fracassada era ‘tente outra vez, mas agora de modo mais árduo, com mais destreza e dedicação’ — mas não na sociedade de consumidores. Aqui, as ferramentas que falharam devem ser abandonadas, e não afiadas para serem utilizadas de novo, agora com mais habilidade, dedicação e, por tanto, com melhor efeito. Assim, quando os objetos dos desejos de ontem e os antigos investimentos da esperança quebram a promessa e deixam de proporcionar a esperada satisfação instantânea e completa, eles devem ser abandonados — junto com os relacionamentos que proporcionaram um ‘bang’ não tão ‘big’ quanto se esperava. A pressa deve ser mais intensa quando se está correndo de um momento (fracassado, por fracassar ou suspeito de fracasso) para outro (ainda não testado). Deve-se ter em mente a amarga lição de Fausto, condenado à eternidade no inferno no exato momento que ele queria que durasse para sempre, por ser tão agradável. Na cultura ‘agorista’, querer que o tempo pare é sintoma de estupidez, preguiça ou inépcia. Também é crime passível de punição”.

Mais um texto selecionado com carinho para os leitores deste blog, para nossa reflexão.

1 ago

“Não há boa arte e virtuosa sensibilidade que sobreviva a crítica cruel e pragmática de um humano pentelho que aparece do nada.”

Se quer saber a origem dessa bela citação, joga no Google.

(Não espere encontrá-la, pois ela foi criada por aquela q me acompanha na saúde e na doença)